parece meio mórbido visitar um cemitério. e é.
a desculpa é visitar o túmulo de evita - que depois do museu evita, torna-se obrigatório.
mas evita é o que de menos interessante há no cemitério.

fui sozinha. cheguei na entrada e vi um monte de turistas, o que me tranquilizou muito. passei bem uns cinco minutos estudando o mapa do cemitério antes de entrar, para ir direto ao túmulo da sra. perón. mas quando pus o pé dentro do cemitério já sabia que ia me perder. e me conformei. mas ainda estava tranquila por causa da quantidade de turistas.
o cemitério é impressionante por vários motivos: os túmulos são gigantes e as ruas estreitas. e você, um ser estranho ao lugar, passeia pela vila labiríntica de mortos andando bem no meio das vielas, para se manter distante dos túmulos de ambos lados. para ver as estátuas - nunca serenas, mas sempre chorosas e desesperadas - é preciso olhar para cima.
de repente vi que estava mesmo perdida, e a multidão de turistas tinha desaparecido. perguntar pra quem? os moradores já não falam...

então tentei manter a calma e me concentrar em tirar fotos, mas às vezes vinha um comecinho de pânico, que ia embora quando pensava o quão engraçada era a situação. e ficou mais engraça ainda quando comecei a ver que havia mais gente que tinha tido a idéia brilhante de passear no cemitério sozinha. todo mundo perdido e com uma pontinha de medo.
cruzei com um inglês meio pálido que me perguntou sobre o túmulo de eva perón. e seguimos perdidos cada um para um lado.

depois que notei que o chão, bem no meio de algumas vielas, estava como que levantado - talvez pelo peso dos túmulos, que empurrava os ladrilhos para o centro - decidi voltar para o começo e fazer a visita um outro dia, acompanhada.
e sem querer, achei evita. único túmulo com flores e um guia turístico contando histórias para um grupo de turistas.
aí, ficou chato...